O LIVREIRO

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Usinas brasileiras usam capital extremo para ganhar escala


Usinas brasileiras usam capital externo para ganhar escala
O aumento de capital estrangeiro no setor sucroalcooleiro do Brasil aumenta a competitividade do País e estimula o desenvolvimento do comércio internacional, analisam especialistas. Para o mercado, o aporte externo e as consolidações são tendências. Tanto que o último acordo firmado, no dia 10, colocou 50,79% de duas usinas da Equipav nas mãos da indiana Shree Renuka Sugars.

Para Eduardo Chaim, consultor sênior da Dextron Management Consulting, as participações devem avançar na mesma proporção em que as novas expandirem suas operações. "Como a norte-americana ADM, a britânica British Petroleum e a chinesa Noble Group", diz.

Segundo Chaim, as gigantes internacionais estão mais bem posicionadas para colocar o setor brasileiro lá fora, mostrando o Brasil como fornecedor confiável de etanol. "Com as estruturas profissionais e ferramentas de gestão mais modernas do que a maioria das empresas brasileiras, os estrangeiros deverão promover um aumento generalizado de competitividade", afirma.

Um estudo da Dextron coloca quatro dos cinco maiores grupos sucroalcooleiros atuantes no Brasil com 50% de suas operações controladas por estrangeiros. Entre eles aparecem a Cosan com a Shell; a Louis Dreyfus - que adquiriu 14 usinas brasileiras, dentre elas, a Santa Helena e a São Carlos - e a Bunge, com seis empresas brasileiras. Além disso, a Guarani deve, até o fim deste mês, concluir o processo de incorporação pela francesa Tereos.

Dados da União Nacional da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) mostram uma participação de capital estrangeiro no Brasil de 7% na safra 2007/2008. Já para 2010/2011 a instituição projeta para 22% o capital externo nas usinas brasileiras. "As empresas que não possuem controle estrangeiro terão dificuldade de expandir no mercado externo."

Para o Sindicato da Indústria do Álcool e da Fabricação do Açúcar de Minas Gerais (Siamig), a participação de capital internacional no setor brasileiro em 2009 era de quase 12%. A Cosan deve processar 60 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, segundo o consultor. Já a Louis Dreyfus, 40 milhões de toneladas; a Bunge, 16 milhões de toneladas e a Guarani, 15,8 milhões de toneladas.

Para Chaim, a possibilidade de uma gigante adquirir outra gigante é remota, mas a chance de as grandes absorverem as pequenas é mais acentuada. "A Santelisa e a Vale do Rosário já eram grandes, com a parceria ficaram ainda maiores. A possibilidade existe", pondera.

Cristiano Cabianca Ramos, diretor da consultoria Céleres, que também considera tendência o aumento de participação internacional nas usinas brasileiras, vê com bons olhos os investimentos. "Tem peso positivo nas exportações de açúcar e de etanol."

De acordo com o diretor, o País deve crescer em moagem de cana-de-açúcar nos próximos dez anos mais 300 milhões de toneladas. "Se calcularmos US$ 100 de investimento por tonelada serão US$ 30 milhões. O Brasil precisa de infraestrutura", diz.

Segundo Ramos, na safra 2009/2010, foram processados no Brasil aproximadamente 605 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Para a próxima temporada é estimada uma moagem de 664 milhões de toneladas, puxadas pela Região Centro-Sul.

A Dextron estima que apenas a região do Estado de São Paulo deve processar na safra 2010/2011 595,9 milhões de toneladas. Na safra 2009/2010, a moagem do centro-sul do País foi de 541,5 milhões de toneladas.

Para Marcos Sawaya Jank, presidente da Unica, a presença de capital externo no setor sucroenergético do País ganhou força este ano, com a aquisição do Grupo Moema pela Bunge e a chegada ao setor do maior grupo refinador de açúcar da Índia. Além da união entre Brenco e ETH, da Cosan com a Shell e da incorporação da Guarani pela Tereos.

Segundo Chaim, o Brasil conta com capital de diferentes países no setor, além das citadas anteriormente, a espanhola Abengoa e a japonesa Mitsubishi Sojitz.

De acordo com a Unica, a cana ocupa aproximadamente sete milhões de hectares ou aproximadamente 2% de toda a terra arável do País, que é o maior produtor mundial, seguido pela Índia, Tailândia e Austrália. As regiões de cultivo são sudeste, centro-oeste, sul e nordeste.

O aumento de capital estrangeiro no setor sucroalcooleiro é visto com bons olhos pelo mercado. De acordo com a Unica, a participação de capital estrangeiro no Brasil é de 22%.



Fonte: DCI

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