O LIVREIRO

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Dilma apresenta progama de Governo que estimula invasões de terra, mas depois recua


Dilma apresenta programa de Governo que estimula invasões de terra, mas depois recua
Versão inicial propunha taxar fortunas, combater "monopólio da mídia" e dificultar a reintegração de posse nas terras invadidas. Repercussão levou o PT, que divulgou a proposta como oficial, a registrar nova versão do texto no TSE no início da noite
O programa de governo de Dilma Rousseff registrado no final da manhã de ontem pelo PT propunha taxação de grandes fortunas, combate ao "monopólio da mídia" e realização de audiência prévia para reintegração de terras invadidas por sem-terra.

Após a repercussão das propostas, principalmente na internet, o PT recuou, voltou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no início da noite, retirou o texto e apresentou nova redação sem os pontos mais polêmicos.

Denominado de "A grande transformação", o primeiro programa de governo foi protocolado no fim da manhã no TSE. Além dos pontos polêmicos, o texto não contemplava as propostas de partidos aliados, como o PMDB.

Oficialmente, o PT afirmou que cometeu um erro técnico e entregou à Justiça Eleitoral um texto desatualizado, datado de 19 de fevereiro.

A Folha apurou, porém, que uma ala da campanha optou deliberadamente por apresentar como programa de Dilma o texto aprovado no congresso do partido, em fevereiro, com concessões às alas mais à esquerda.

Na ocasião, os dirigentes petistas afirmaram que essas propostas seriam diluídas na elaboração final do programa de governo e que era tarefa do partido "puxar para a esquerda" para depois negociar um programa final, principalmente com o PMDB.
Mas no final da tarde de ontem a coordenação da campanha chegou à conclusão de que, por conta de reação de aliados e de propostas que a própria candidata não endossou -como a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais-, o texto deveria ser substituído.

RECUO
Antes da decisão, a primeira versão do programa de governo foi divulgada durante toda a tarde nos sites oficiais do PT e da campanha, como a notícia principal.

No início da noite, o secretário de comunicação do partido, André Vargas (PR), ainda sustentava que a decisão de apresentar o texto foi da coordenação da campanha.

"Não há problema em ter pontos polêmicos nele. Nós somos polêmicos. Isso não é problema, é qualidade. Agora, é um texto provisório que vai ser sempre discutido."

O novo documento protocolado no TSE suprimiu o compromisso com a redução da jornada, a taxação das grandes fortunas e as mudanças na política agrária.

O PT manteve na segunda versão do programa a afirmação de que o texto ainda é preliminar e receberá contribuição dos nove partidos que compõem a aliança.

A entrega das propostas de governo no registro da candidatura é uma nova exigência da Lei Eleitoral, aprovada pelo Congresso em 2009.

Petista se nega a prometer redução da carga tributária e frustra empresários

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, frustrou empresários que se reuniram ontem para conhecer suas ideias ao evitar se comprometer com a diminuição da carga tributária do país.

Dilma reconheceu que o sistema atual é "caótico" e afeta a competitividade das empresas, mas disse que é necessário manter o equilíbrio fiscal do setor público e evitar perdas de receita.
A candidata petista defendeu medidas que livrem de tributos os investimentos produtivos e diminuam o peso dos impostos cobrados sobre a folha de salários das empresas, mas expôs suas ideias em termos genéricos.

"Não pode ser [reduzido] a zero, porque, se for a zero, quebra a Previdência", disse Dilma, referindo-se aos tributos que incidem sobre a folha de pagamento das empresas.
Ao discutir o peso dos impostos sobre as tarifas de eletricidade, ela disse que sua redução pode arruinar os Estados. "Tem que haver um balanceamento para saber em que condições, sem criar uma crise fiscal, se pode fazer essa redução", afirmou.

Participaram do encontro 486 associados do Grupo de Líderes Empresariais (Lide). Segundo uma enquete feita com eles, 85% apontam a elevada carga tributária como principal obstáculo à expansão de suas empresas.

Empresários saíram insatisfeitos. "As respostas foram muito genéricas, sinal de que ela ainda não tem um projeto amadurecido", disse o presidente da fabricante de brinquedos Estrela, Carlos Tilkian. "Depois de oito anos no governo, eles podiam pelo menos ter um projeto."

Ao responder a uma pergunta da plateia, Dilma não quis especular sobre o que faria se fosse eleita presidente e, em 2014, Lula quisesse se candidatar novamente ao cargo: "Quando chegar a hora a gente discute isso", afirmou.

Fonte: Folha de S. Paulo

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