PUBLICADO PELA REVISTA CANAVIEIROS DO MÊS DE MARÇO DE 2009
Em meio às noticias da crise financeira, duas deram uma injecão de ânimo ao setor sucroenergético nessas últimas semanas: os investimentos da Petrobras para adquirir participação em usinas e o anúncio do programa de financiamento de estoques, chamado de warrantagem,com recursos do BNDS.
A PBio (Petrobras Biocombustíveis) quer abocanhar pelo menos 20% do total do crecimento da produção de etanol no mercado nacional por meio da aquisição de até 40% de participação em usinas.
Os planos de investimentos da Petrobras em biocombustíveis entre 2009 e 2013 envolvem US$2,4 bilhões em produção, dos quais cerca de US$ 400 milhões este ano. O etanal receberá US$ 1,9 bilhão e o biodiesel US$480 milhões.
Nos próximos dois meses a PBio deve concluir a participação em pelo menos quatro projetos de novas usinas no pais. Outros cinco projetos estão previstos para entrarem em operação em 2012 e mais oito entraram em 2013. Juntas, essas aquisições em participações em usinas representarão 1,9 bilhão de litros em 2013.
Além dos investimentos da PBio, ainda serão destinados para a logística dos biocombustíveis US$ 400 milhões, e outros US$ 500 milhões em pesquisas, via o centro de pesquisas da Petrobras, o Cenpes, totalizando US$ 3,3 bilhões. Além de recursos no setor nesse momento de turbulências, pode atrair ainda mais a atenção e interese dos investidores.
Já o programa de financiamento para estocagem foi anunciado pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, no último dia 5. O BNDS irá destinar R$ 2,5 bilhões para financiar a estocagem de cinco bilhões de litros de etanol na safra 2009/10. Os detalhes do programa estão sendo definidos e a expectativa é que os recursos sejam disponibilizados rapidamente, já que a safra já está ai.
A formação de estoques de etanol é um meio de reduzir a volatilidade excessiva dos preços e dos volumes comercializados ao longo do ano e evitar desequilibrios na remuneração da cadeia produtiva. Sem estoques, o combustivel tende a ficar mais caro nas bombas no periodo da entre safra ou então o resultado é o que estamos vendendo neste ano: com dificuldades de acesso ao crédito por conta da crise, muitas indústrias estão vendendo o produto a preços baixos para fazer caixa e isso desequilibra o setor.
Essa ajuda do governo vem em boa hora, mas é importante que a cadeia produtiva também faça a sua parte, buscando maior organização e ordenamento de seus elos. Os fudamentos do setor continuam positivos, apesar da crise mundial: deve haver recuperação nos preços do açúcar e aumento nas exportações brasileiras do produto crescente. O setor precisa aproveitar esse bom momento e as medidas de apoio para se reestruturar e contornar dificuldades que sempre existiam, como essas oscilações de preços que desestabilizam toda a cadeia.
MANOEL CARLOS DE AZEVEDO
PRESIDENTE DA CANAOESTE
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